Assisti ontem o filme dinamarquês “A CAÇA”, e fiquei perplexo e pensativo por algumas horas. Se você ainda não assistiu, garanto que vale a pena, é um drama muito bem desenvolvido, com um elenco primoroso, uma fotografia espetacular e um roteiro assustadoramente intrigante.
A história é bem simples: Lucas (Mads Mikkelsen) , um homem honesto, íntegro e pai de um adolescente que mora com a mãe, trabalha em um jardim de infância em uma pacata cidade do interior, ele é um professor adorado pela população da pequena cidade em que vive. Participa dos grupos de caça (uma tradição local), é apoiado durante seu divórcio e tem amigos leais. Mas quando Klara (Annika Wedderkopp), uma menina de 8 anos, filha de seu melhor amigo, confunde seus sentimentos pelo professor e tenta beijar-lhe, o homem pacientemente explica que isso só se faz entre “mamães e papais” e que ela deveria dar atenção aos meninos de sua idade, Klara, confusa, resolve repetir à diretora da escolinha uma frase que ouviu dos irmãos – algo que coloca a cidade inteira contra o professor, que é acusado gravemente de ter abusado sexualmente da menininha.
O que mais me incomodou no filme foi o fato de como as pessoas não se comunicam, seja em qualquer lugar do mundo, as pessoas tem muita dificuldade de se expressar, dizer o que pensam, olhar nos olhos e até mesmo se defender.
O fato de ser uma cidade de interior, me remeteu a São Fidélis, onde provavelmente a reação das pessoas não teria sido diferente. Uma fofoca sem cabimento gera uma cadeia de acontecimentos praticamente sem volta. Eu sei o que é morar no interior e o quanto as pessoas precisam se preocupar SIM com o que os outros pensam, porque, diferente de uma cidade grande onde você é o que quiser, faz o que quiser e simplesmente segue seus instintos, no interior você meio que pensa por osmose, o coletivo é muito mais presente, nada passa desapercebido e “ai de você”, se sua conduta não condiz com o que as pessoas consideram apropriado, sua vida simplesmente desmorona. Eu e você provavelmente conhecemos alguém que já passou por isso, não é?! Não tem como fugir… Interior é complicado, bem complicado. Mas como disse anteriormente, o mesmo se repete em qualquer lugar do mundo, quanto mais próximas forem as pessoas, menos originalidade e individualidade… lamentavelmente.
Dirigido por Thomas Vinterberg e com a incrível fotografia de Charlotte Bruus Cristensen, o filme é uma obra de arte isento de clichês e cenas melodramáticas, concentrando toda a história em um profundo mergulho ao individualismo, cheio de sutileza e sensibilidade.
Fecho a matéria de hoje levantando uma questão simples: quem é você? você é o que os outros pensam de você ou simplesmente você é o que acredita ser? Por mais difíceis que as coisas sejam, nunca perca sua essência, sua personalidade e as coisas pela qual você acredita. A mesma cidade que te exalta, pode ser a que vira as costas pra você em um piscar de olhos. Seja SEMPRE fiel a você!
Um grande beijo e até semana que vem!