Desativação: a história de um homem que precisou invadir a estação de S.Fidélis

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Fotos: Vinnicius Cremonez / Luis Felipe Barbosa

Há algum tempo o SFnotícias está mostrando histórias de pessoas que possuem envolvimento com a linha férrea que corta a nossa região, linha que está pra ser desativada a qualquer momento.

O trem fez parte do crescimento de várias regiões do nosso Brasil, trem maquinamas em muitos locais, eles estão sendo desativados e abandonados, deixando saudades de que presenciou o ‘vapor’ das locomotivas e, de quem gostaria de presenciar.

Recentemente mais um trem que está voltando de Recreio, em Minas Gerais, onde a Ferrovia Centro Atlântica – concessionária responsável pela linha férrea – já desativou uma de suas sedes e alguns trechos ferroviários, passou por São Fidélis. Ele era o penúltimo trem a passar antes da tão falada desativação. Com duas locomotivas e um guindaste usado para recolher trilhos, o trem estava carregando pedras e alguns outros materiais, que estavam abandonados ao longo da malha ferroviária em Minas.

O último trem que irá passar por aqui, também está transportando um guindaste (foto ao lado) e, o mesmo está recolhendo trilhos que ficaram para trás entre Cataguases em Minas, e Três Rios, no estado do Rio.

estação entrevistadoEntre tantas histórias vivenciadas pela linha férrea, está a do José Paulo, um homem de 60 anos que precisou invadir a antiga estação de trem de São Fidélis, para não ter que morar na rua.

José Paulo trabalhou em uma empresa que fazia a manutenção da linha férrea e, já viu, e presenciou muitas histórias ao longo dos anos na ferrovia que corta a nossa região.

“É triste ver tudo isso acabar. O Brasil não coloca nada pra funcionar. Poderia aproveitar esse espaço e colocar aquela feira do livro aqui. Seria bonito ver aquele movimento aqui”.

casa estaçãoDesempregado, José passou a trabalhar na prefeitura e, em 1999, o mesmo perdeu um filho afogado no Rio Paraíba do Sul. Após a tragédia, ele foi até a prefeitura pedir ajuda para arrumar um imóvel para ele morar, mas como a Prefeitura de São Fidélis não lhe ajudou, o mesmo foi até a estação, antigo local de trabalho, e invadiu o local, morando por 8 anos dentro de um dos barracões da estação.

Em 2005 tentaram tirar José Paulo da estação, mas como ele não saiu, a prefeitura cedeu um terreno atrás da estação, onde o mesmo construiu uma casa e continua morando até os dias de hoje.

“A varanda dessa estação possui um sentimento inexplicável pra mim. Considero a varanda, a extensão de minha casa”, concluiu José Paulo.

Para o nosso colunista e historiador Evando Freitas, a linha não vai fazer muita falta, pois já não era utilizada há anos. Ainda segundo ele, o espaço ocupado pelos trilhos, poderia ser usados para outras coisa, como a construção de uma ciclovia entre o Centro e a Vila dos Coroados, e a revitalização ao longo da linha no distrito de Pureza, que não possui uma praça.

Desativação:

trem estaçãoNo dia 5 de agosto desse ano, foi publicada no Diário Oficial da União, a Resolução nº 4.131, de 3 de julho de 2013, que autoriza a desativação e devolução dos trechos considerados anti-econômicos pela concessionária, que adiministrava eles desde 1996. A autorização foi dada pela Agência Nacional de Transportes trem cargaTerrestres (ANTT). Os trechos são:

Trechos antieconômicos: Paripe (BA) – Mapele (BA); Ramal do Porto de Salvador; Sabará (MG) – Miguel Burnier (MG); Barão de Camargos (MG) – Lafaiete Bandeira (MG); Biagípolis (SP) – Itaú(MG); Ribeirão Preto (SP) – Passagem(SP); e Cavaru (RJ) – Ambaí (RJ).

Trechos economicamente viáveis: Alagoinhas (BA) – Juazeiro (BA); Alagoinhas (BA) – Propriá (SE); Cachoeiro de Itapemirim (ES) – Vitória (ES);
Visconde de Itaboraí (RJ) – Campos dos Goytacazes (RJ); Corinto (MG) a partir do km 1.015 + 000 – Alagoinhas (BA) e Barão de Angra (RJ) – Campos dos Goytacazes (RJ) – Cachoeiro de Itapemirim (ES), incluindo trecho Recreio – Cataguases; trecho esse, que passa pelas regiões Norte e Noroeste do estado do Rio de Janeiro.

Reveja abaixo uma das matérias de nossa série de reportagens sobre a desativação da linha férrea e, fotos feitas por nossa equipe.

Desativação: vagões estão abandonados em Santo Antônio de Pádua

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