No dia do Trabalhador o São Fidélis Notícias pensou em homenagear uma profissão, mas não tem como homenagear outras pessoas a não ser as vítimas de trabalho escravo em uma fazenda na localidade de Angelim, no terceiro distrito de São Fidélis.
Quatros homens trabalhadores que passaram longos anos de suas vidas presos em um quarto vivendo em situação análoga à escravidão em condições sub-humanas, onde tinham direito apenas de uma ou duas refeições por dia, mas que graças a coragem de um deles que fugiu e o trabalho rápido em conjunto da Polícia Civil de São Fidélis e de Campos, todos estão em liberdade e com suas famílias.
No dia do trabalhador, Roberto de Oliveira, de 36 anos, Davi Pereira Ferreira, 38 anos, ambos de São Fidélis, Cirlei Rodrigues Moreira, de 36 anos, de Itaperuna e Romário Mota Rosa, de 26 anos, morador de Campos, que recebiam ameaças e eram agredidos quando manifestavam a vontade de ir embora, estão começando uma nova vida ao lado de seus familiares.
Na casa do caseiro Roberto Melo de Araújo, de 38 anos, um dos acusados de manter as vítimas em cárcere privado, encontramos o senhor Manoel Ferreira, pai do Davi Pereira, que também merece nossas homenagens. Segundo a polícia, o senhor Manoel também foi vítima do fazendeiro Paulo Cesar Azevedo Girão, de 58 anos, mas como ficou cego, foi retirado da fazenda e do cativeiro e colocado na casa do Roberto, que fica ao lado do cativeiro.
Vítimas que eram dadas como mortas pelas famílias devido ao longo tempo em que passaram longe de casa, tiveram momentos felizes e emocionantes ao reencontrar seus familiares.
“Daqui pra frente quero retomar minha vida, que infelizmente parou. Arrumar um emprego, cuidar da minha mãe, da minha filha e ficar junto com a minha família, que é a coisa mais importante que eu tenho”, disse Romário no reencontro com sua mãe.
Todas as vítimas saíram de casa para procurar emprego, e foram enganadas pelo fazendeiro com a promessa de um emprego e que iriam receber bem pelo serviço, mas na verdade eles não tinham carteira assinada e não ganhavam nada pelos serviços prestados, além de serem mantidos como escravos.
O proprietário da fazenda, Paulo Cesar Azevedo Girão, de 58 anos, o filho Marcelo Conceição Azevedo Girão, de 33 anos, e o empregado Roberto Melo de Araújo, de 38 anos, vão responder por crime de restrição a condição análoga a de escravo e podem pegar de dois a oito anos de reclusão.
Os três podem ter a pena aumentada em até 30 anos caso as investigações confirmem outros possíveis crimes praticados pelos acusados, como formação de quadrilha, tortura, lesão corporal, constrangimento ilegal e outros. O caso segue em investigação pela Polícia Civil das duas cidades.