Há mais de 20 anos, romeiros percorrem 400 km às margens do Paraíba até distrito de Cantagalo

Romaria Montada de São Sebastião é marcada por tradição familiar e devoção ao santo
Fotos: Arquivo Pessoal

Realizada há mais de 20 anos, a Romaria Montada de São Sebastião chega a mais uma edição. Marcada por tradições familiares e devoção ao santo, a romaria tem um percurso oficial de 400 km, em cidades às margens do Rio Paraíba do Sul. Os romeiros saem de Barra Mansa, no Sul do Rio, e seguem até São Sebastião do Paraíba, distrito de Cantagalo.

A montaria já é tradição na vida de Carlos Elias Curty, de 64 anos, que contou a história do evento em entrevista ao SF Notícias. “É uma tradição na minha família, que é de origem Suíça como grande parte das famílias de Cantagalo, Friburgo e essa região. Na Suíça, a família Curty já lidava com animais e vindo para o Brasil não foi diferente. Primeiro porque era o meio de transporte mais utilizado” – relatou. 

Ainda pequeno, Carlos já queria acompanhar o pai, que comprava gado em Minas, atravessava o Rio Paraíba e negociava os bovinos. “Nunca foi possível fazer uma viagem com ele quando criança. Depois viemos para a cidade e ficou esta vontade de participar” – e foi o que ele fez. Carlos diz que são mais de 40 anos participando de romarias e cavalgadas por todo o Brasil.

O trajeto até Cantagalo é feito em 10 dias. Alguns deles saem de outras cidades fluminenses e até de outros estados. O grupo passa por várias cidades do Rio e de Minas até chegarem ao distrito cantagalense, como Valença, Rio das Flores, Paraíba do Sul, Chiador, Sapucaia, Carmo, entre outras. Este ano, a romaria deve chegar com 400 cavaleiros ao destino final.

A primeira Romaria Montada de São Sebastião

Carlos conta que o distrito de Cantagalo é sua terra natal, entretanto o êxodo rural, na década de 60, e problemas de saúde na família o levaram a deixar São Sebastião do Paraíba. “Fazendo uma romaria para Aparecida, um conterrâneo meu, o José Rosa, disse que há 38 anos não ia até São Sebastião do Paraíba” – mas, o amigo queria ir a cavalo e foi o combinado. Eles escolheram o dia de São Sebastião porque é o dia da festa do distrito e a família de Carlos sempre participou dos festejos.

“Quando chegamos lá encontramos uma comunidade preocupada devido a uma represa que seria construída em Itaocara e que iria inundar toda aquela região. Falamos com a representante da igreja e ela nos disse que não tínhamos ideia de quem tinha mandado a gente ali. Naquele ano (1995) não teria mais festa porque não tinha nem mesmo as pessoas para participar da procissão. Então, tomados por uma profunda emoção, decidimos de acatar essa missão de fazer essa romaria que realmente tem animado muito o povo. Faço com muito carinho, muito amor e muita fé” – afirmou emocionado.

Ele conta que a romaria é feita aos moldes que se faz para Aparecida: “Todas as noites nós fazemos uma novena, às 19h missa e em seguida palestras de interesse social” – afirma. Pelas localidades que passam, já reuniram centenas de pessoas. “Esse ano estamos homenageando os 200 anos da imigração suíça para o Brasil” – relata. E, nesta quinta (11/01), os romeiros vão realizar novamente o trajeto com o objetivo de chegar no distrito de Cantagalo no dia 20, quando é comemorado o dia de São Sebastião.

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