Olhos e ouvidos nas noites de São Fidélis, vigia vai completar 25 anos na função

Com seu apito, ele marca presença vigiando lojas e casas de moradores em uma parte do Centro

Se você já passou nos quarteirões entre a Rua Frei Vitório e a Rua Coronel João Sanches, da Avenida Sete à Rua Dr. Collet à noite, você já ouviu um som de apito (veja o vídeo). O acessório serve para avisar sobre a presença do vigia Sílvio Gaspar Gonçalves, que neste mês vai completar 25 anos como os olhos e ouvidos de moradores e lojistas do Centro de São Fidélis.

continua após o vídeo

Antes de atuar nas ruas fidelenses, Sílvio levava segurança a moradores de um bairro de Campos, mas uma tragédia fez ele voltar para sua terra natal. “Eu fazia a guarda noturna em Campos, mas mataram o meu companheiro. Eu fazia em uma esquina e ele fazia na outra. Mas, ele era bravo. Arrancava o revólver e dizia ‘comigo não tem isso não’ aos caras perigosos. Aí passaram na calada da noite e mataram ele. Tem uns 30 anos”. – contou ao SF Notícias.

Após perder o companheiro, Sílvio foi chamado para trabalhar em São Fidélis pelo proprietário de uma farmácia, que junto a outros estabelecimentos comerciais, pagam uma quantia a ele. Alguns moradores também pedem para Sílvio vigiar suas casas. “Tem uma moradora que morreu, mas eu continuo olhando a casa dela. Eu gostava tanto dela que até sonhei com ela pedindo pra olhar a casa” – relatou.

Nessas duas décadas e meia, ele presenciou vários acontecimentos. O maior deles foi o assalto ao Banco do Brasil. “Vi várias coisas. Vi roubo, vi o assalto no Banco do Brasil. Tinha muita gente, tinha uns 15 (criminosos) tudo com arma comprida. Vieram dois me procurar, um com fuzil e outro com pistola. Eles iam me pegar. Eu entrei no fusca botei a blusa na frente, o papelão do lado e pensei ‘se eles encostarem no fusca eu vou roncar, fingir que tô dormindo’ e foi dito e feito. Não veio uma patrulha e eu torcendo pra não vir, porque se não ia ser tiro pra todo lado” – relembra.

Morador do São Vicente, o vigia se tornou muito querido no ambiente de trabalho e também em seu bairro, conquistando várias amizades. “Todo mundo gosta de mim até o bandido. Os caras que assaltaram o banco sabiam quem era eu”.

Mesmo passando fins de semana, feriados, como o Natal e Ano Novo, e datas especiais trabalhando, o aposentado de 68 anos não se queixa, pois o amor pelo seu ofício fala mais alto.”Pra mim toda noite é igual. Eu fui criado no mato, na Bela Joana. Eu sou aposentado e é aqui que quero estar” – afirma com um sorriso no rosto.

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